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segunda-feira, 18 de abril de 2016

Sobre a cuspida de Jean Wyllys em Bolsonaro

Quem acha que o episódio se resume ao simples cuspir que pudemos ver, está profundamente enganado. Não há como entender o ocorrido, sem analisar as figuras polêmicas envolvidas.


De um lado, Jean Wyllis, como era de se esperar, tem atuação política predominantemente na defesa de LGBTs, com projetos de lei autorizando retificação do registro civil em razão de identidade de gênero; casamento entre pessoas do mesmo sexo... Tudo dentro da lógica de qualquer pessoa isenta de preconceitos religiosos.

Sobre o projeto de lei 7270/14, é só mais um que tenta regular o uso da maconha, que na prática é liberada na sociedade. Se deve legalizar ou não, o assunto é complexo e não nasceu com ele. Longe disso.

Atacá-lo pelo Projeto de lei 4211/12 é de extrema hipocrisia, pois apenas tenta resguardar as prostitutas (cuja escolha de vida não me cabe julgar, desde que não façam mal a ninguém - embora estejam fazendo a elas mesmas). O projeto restringe-se a pessoas maiores de idade e protege contra o explorador sexual (cafetão) e contra violência.

Sobre o PL 7633/14 eu já fiz um post no blog ( http://vanessa-fagundes.blogspot.com.br/2014/08/pelo-direito-de-escolha-da-cesarea.html?m=1) e tenho completa aversão, uma vez que tenta restringir o direito da cesárea para a parturiente. O corpo é da mulher e só ela deve decidir como realizar o parto.

O PL 882/15 é o que mais respeito, pois regulamenta a interrupção voluntária da gravidez na rede pública e privada. Combate igualmente a hipocrisia ao proteger as inúmeras grávidas que morrem ou pegam infecções ao abortar em condições insalubres (geralmente pobres, pois as "ricas" têm pleno acesso ao aborto seguro que também é liberado na sociedade real). Há vários textos inteligentíssimos sobre o tema (recomendo Drauzio Varela). É preciso discutir esses assuntos de forma racional e separar a religião do Estado definitivamente.


Do outro lado, Jair Bolsonaro é um militar com repetidas declarações e atitudes machistas (alguém lembra da frase: “só não te estupro porque você não merece”?), homofóbico dos mais ignorantes (“prefiro que um filho meu morra num acidente do que apareça com um bigodudo por aí"), racista, violento e tantos outros péssimos adjetivos que aqui cansariam os olhos.

Ao votar na Câmara, Bolsonaro cita o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra como um herói, sendo que na realidade foi o primeiro militar condenado pela Justiça como torturador na ditadura militar. Todos sabemos que a ditadura militar no Brasil lutava contra o comunismo, contra o qual também lutamos hoje, mas os fins não justificam os meios e tortura sempre será crime.

Jean Wyllys, embora com ideais políticos medíocres de comunismo, geralmente busca apenas defender os mais fracos.

Bolsonaro, embora politicamente de direita, pautou sua vida em ações violentas contra minorias e contra tudo que sua religião afirma ser proibido.

Jean afirma que ao passar por Bolsonaro foi insultado com palavras de “boiola”, “viado”, o que fica fácil de acreditar, vindo de quem veio...


Considerando o contexto e a história de cada um, o cuspe na cara significou um grito honesto contra tudo de ruim que Bolsonaro representa.


Quer saber, FOI POUCO!