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segunda-feira, 9 de novembro de 2015

PRECISA-SE DE NOVA REVOLUÇÃO FEMINISTA - URGENTE

Nos últimos tempos, os legisladores deste país tentam agir como se donos fossem dos corpos das mulheres e pudessem decidir, por elas, qual procedimento adotar por ocasião do nascimento de seus filhos.

Espalham notícias de que a cesárea faz mal à mulher e ao feto (falácia desmentida por inúmeros estudos e médicos) e tentam impor o parto natural, como se ele também não pudesse trazer prejuízo à mulher e ao feto (ruptura da musculatura uterina; bexiga caída; prolapso de órgãos pélvicos; o bebê pode ser prejudicado durante um fórceps ou ter sofrimento fetal – quando os médicos não percebem que o feto já está morrendo de tanto esperar para nascer “naturalmente”).

Tomando por exemplo um país desenvolvido, na Suíça as cesáreas representam 1/3 dos nascimentos e estão aumentando. O médico diz que “a situação é um reflexo da nossa civilização, da necessidade de segurança e controle, do desejo de planejar o trabalho e a vida familiar e - por último, mas não menos importante - da independência das mulheres. ‘Cesarianas seguras são possíveis graças aos avanços médicos e elas são um conforto que estamos prontos a pagar’".

O governo suíço encomendou um estudo para analisar a questão, mas acabou declarando em fevereiro que as causas e efeitos não podem ser avaliadas de forma conclusiva por causa de interações complexas. (http://www.swissinfo.ch/por/obstetr%C3%ADcia_parteiras-su%C3%AD%C3%A7as-descontentes-com-cesarianas/35738202)

É certo que a OMS (Organização Mundial da Saúde) em um congresso realizado em Fortaleza (sim, a palhaçada obviamente veio daqui) chegou à conclusão (infundada) de que a taxa de cesárea deve limitar-se a 15% da população (?!). Mas, a própria OMS admite que não há estudos conclusivos sobre os benefícios de NÃO se realizar a cesárea.  (http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/161442/3/WHO_RHR_15.02_por.pdf)

O engano ocorre quando se considera o índice de mortalidade na cesárea, minimamente superior ao parto natural, sem observar que em muitos casos de cesárea, os riscos de mortalidade são pré-existentes, daí porque se optou pela cesárea, para tentar salvar mãe ou bebê.

Por causa de interpretações mal feitas, originadas no tal congresso, o Brasil (como autêntico país hipócrita e mesquinho) tira vantagem para favorecer interesses obscuros.

A desconfiança de que o SUS quer desonerar seu cofres, deixando de realizar cesáreas é indiscutível. Agora, além do SUS, querem desonerar os planos médicos particulares, obrigando a uma “taxa de cesária máxima” permitida no país.

A questão que se impõe é “tem o Governo o direito de decidir como a mulher cuida do seu corpo?”

Ainda que se diga tratar-se não apenas do corpo da mulher, mas da vida do feto, repito a pergunta: “tem o Governo o direito de decidir como a mulher cuida da sua prole?” Sim, porque as decisões que ela toma, desde a concepção, já dizem respeito à criação do próprio filho. Os riscos que ela assume (seja escolhendo a cesárea ou o parto natural – ambos com sua dose de perigo), são intrínsecos do poder familiar.

Se respeitamos a escolha de certos pais, que proíbem transfusão de sangue nos filhos, por motivos meramente religiosos, porque não respeitaríamos a mulher que deseja parir por cesárea?

Sabemos que o Brasil é um país que tende ao paternalismo, no sentido de decidir pelos cidadãos como eles devem agir, em qualquer setor da vida. Decidem, por nós, que não somos capazes de portar armas porque podemos ferir uns aos outros (enquanto isso, não conseguem evitar que os bandidos as portem e matem o cidadão de bem, desprotegido); decidem, por nós, que podemos sobreviver com “bolsa isso”, “bolsa aquilo” ao invés de gerarem educação/emprego para que possamos ganhar o quanto quisermos ou pudermos; decidem, por nós mulheres, que não podemos fazer cesárea porque parto natural é melhor (baseado em estudos contraditórios e uma filosofia mesquinha de economia que não se diz abertamente); decidem, por nós, que a mulher que não deseja ter filho e teve a infelicidade de estourar a camisinha na transa, agora não pode ter acesso à pílula do dia seguinte, porque isso é aborto (baseado em filosofia religiosa altamente controversa, presente num estado TEORICAMENTE LAICO).

Até quando vamos deixar que mandem em nossas vidas, com intenções egoístas e até filosóficas das quais potencialmente discordamos?

O art. 226, § 7º da Constituição Federal diz que “Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas.”

Esse artigo, somente, seria suficiente para impedir qualquer projeto de lei tendente a abolir o direito da mulher de planejar seu próprio parto, da maneira como melhor lhe convier e, mais, sendo DEVER do Estado propiciar os recursos científicos necessários para a realização da cesárea, caso seja essa a opção da mulher.

Mulheres, vamos tomar as rédeas de nossas vidas!

Não vamos deixar que a sociedade nos oprima novamente, de maneira sórdida, fazendo com que acreditemos que a opressão é para o nosso próprio bem!

Um comentário:

  1. Olá Vanessa estou ansiosa por mais postagens! Quero ser escritora, ou melhor, publicar meus livros... Poderia fazer um post dando dicas para tal e seus conselhos??
    Mega abraço e muito obrigada!!

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