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sexta-feira, 22 de agosto de 2014

QUE DIFERENÇA VOCÊ FAZ?


Que diferença eu faço? Essa é a pergunta que persegue o ser humano desde quando percebeu sua existência no mundo. Dizem os cientistas que somos os únicos seres que raciocinam sobre a própria existência. A partir do momento em que divagamos sobre quem somos, surgem indagações implacáveis: “Por que estamos aqui?”, “Qual o sentido da vida?”, “Que diferença eu faço?”.

Tentar responder a essas perguntas ocupou a vida de grandes pensadores ao longo dos séculos. Fernando Pessoa disse: "Entre mim e a vida há um vidro tênue, por mais nitidamente que eu veja e compreenda a vida, eu não lhe posso tocar".

A verdade é que cada um de nós possui um conceito do que seja a vida e da diferença que fazemos, ao estendermos a mão para tocá-la.

Alguns podem dizer: “Eu faço diferença porque sou um bom pai de família”, “Eu faço diferença porque cuido dos animais”, “Eu faço diferença porque escrevi um livro” e todos estão absolutamente certos. O problema surge quando se pensa: “Eu não faço diferença”.

Como a borboleta que bate as asas e cria uma tormenta do outro lado do planeta, tudo e todos fazem diferença no mundo.

Às vezes precisamos de insights, momentos de clareza de pensamento, que nos permitem perceber nossa real importância.

Lembro-me de uma tarde de trabalho como outra qualquer, cheia de afazeres, de responsabilidades a serem cumpridas e expectativas a serem atendidas. O Fórum é realmente um lugar de expectativas. Pessoas de todos os cantos e de todos os tipos esperam pela solução de problemas que são só delas e, justamente por isso, têm a maior importância do mundo.

Fui chamada ao balcão para atender uma senhora acompanhada do neto e que aguardava a entrega de um termo de guarda.

Eu a informei que o termo estava pronto e faltava apenas a assinatura da Juíza, o que já providenciaria.

Ao ouvir minha informação, o preocupado garotinho perguntou à avó: “E se a Juíza não assinar?”. Eu discretamente me detive para ouvir a resposta: “Se ela não assinar, você não é meu”, disse a avó com triste ternura. O garotinho disparou temeroso: “Daí eu vou ter que voltar para aquela mulher!?” e imediatamente levantou os olhos para mim, como que indagando se o papel seria mesmo assinado. Eu lhe dirigi um sorriso sincero e caminhei apressada ao gabinete, em busca do que para mim não era mais uma simples assinatura.

De volta ao balcão, encontrei um garotinho saltitante aguardando pelo tão esperado papel. Entreguei o termo assinado à avó e pude notar as lágrimas em seus olhos ao me agradecer com um sorriso cheio de significado.
O nó que se formou em minha garganta não foi suficiente para segurar as lágrimas que também surgiram nos olhos.
Que diferença eu fiz nesse dia? Não sei dizer ao certo.
Outra pessoa poderia ter redigido aquele termo? Sim. Outra pessoa poderia ter entregado aquele termo? Com certeza. Mas, o fato é que fui eu que fiz. Os sorrisos foram direcionados a mim e as lágrimas, eu que partilhei. Essa foi a minha diferença naquele dia. E esse singelo momento de expectativa atendida, de problema resolvido e de felicidade incontida ficarão para sempre na minha memória, como um lembrete constante de que eu posso fazer a diferença!

Nas palavras do poeta Vahan Tekeyan:"O que me resta da vida? Como é estranho, só me resta aquilo que dei aos outros".

NAMASTÊ!