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segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

2012 - um ano de superação!


Como é de praxe, vou sintetizar meu ano que passa em um textinho que você não precisa ler até o final, mas se ler, terá sorte até sua sétima geração (rsrs)

2012 foi um ano de superação pra mim. Comecei trabalhando em um emprego que achei por muito tempo ser o objetivo da minha vida e descobri que minha realização profissional estava mais na mão do que eu imaginava. Voltei a fazer o que eu fazia antes, com a diferença de que agora faço com prazer! (Nunca subestime a oportunidade de provar o lado de lá... você pode descobrir que o lado de cá é melhor pra sua vida)

Terminei de escrever meu livro “Como Vencer o Transtorno do Pânico” e tive momentos intensos durante a escrita... chorei, sorri, chorei de novo ao lembrar dos momentos que já passei com esse transtorno, mas hoje tenho certeza que posso superar tudo de novo, caso seja necessário! Eu tenho as armas!

Passei por um momento TENSO na caverna de PETAR, quando me vi a alguns metros debaixo do solo, passando por corredores apertados e escuros, sem saber por quanto tempo ainda ficaria naquele buraco sem fim e, de repente, percebo que minha respiração está ofegante e o pânico se aproxima... sem UM alprazolan sequer no bolso!!! Reuni todas as técnicas antipânico que já aprendi e saí ilesa da caverna... aprendi em PETAR que no dia a dia, você pode ser muito ágil nas tarefas que desempenha, mas no meio do mato, pode ser a última da fila e precisa ser humilde ao aceitar que todos estão em melhor forma, esperando por você... (Nenhuma condição é permanente – boa ou ruim).

Descobri que é delicioso questionar o inquestionável. Não é porque todo mundo pensa de uma mesma forma que eu preciso pensar também. Não preciso agradar a todos, mesmo porque com o tempo, aprendemos que isso é impossível (maturidade?). O importante é agradarmos a nós mesmos. Não digo isso de uma forma egoísta, mas com a certeza de que estar bem consigo mesmo é a melhor razão de continuar vivendo.

O conhecimento continua sendo um dos meus maiores prazeres nessa vida. Desde quando adquiri o vício pelo cheiro de livro novo, continuo correndo atrás de tudo que eu possa aprender... e felizmente, em 2012 tive acesso a MUITA informação interessante. A começar pelo Bóson de Higgs (rsrsrs)...

Sei que ainda tenho muito que aprender, especialmente no aspecto tolerância. A humanidade se divide em grupos que acreditam ter todas as respostas e geralmente acusam de ignorantes quem pensa diferente. Eu já fiz muito disso e continuo achando falhas colossais no pensamento alheio, mas é preciso lembrar que cada pessoa tem seu tempo. Cada pessoa aceita as verdades de acordo com suas possibilidades. Certa vez perguntei a um psicólogo por que uma paciente sua não desistia de um relacionamento que obviamente lhe fazia mal... ele disse que ela ainda não estava pronta para aceitar. E não adianta tentar enfiar conceitos na cabeça de quem não está pronto para aceitar.

Assisti filmes que pretendia ter visto há muito tempo. Revi “Contato” baseado no livro de Carl Sagan e amei tudo de novo. Adorei “2001- uma Odisséia no espaço” e fiquei fascinada ao descobrir que penso exatamente como Kubrick em relação à divindade. Li obras imprescindíveis como “Criação Imperfeita” do Marcelo Gleiser, “Deus – um Delírio” de R. Dawkins e outras nem tão imprescindíveis, mas altamente prazerosas como “50 tons...” RS

Em 2012 também achei que o mundo acabaria... E de certa forma, essa obsessão mundial em torno de 21/12/2012 contribuiu para o início de um novo ciclo, pois nunca tanto conhecimento foi difundido em tão pouco tempo. As pessoas resolveram estudar história pra ver se as culturas antigas realmente tinham algo a dizer; resolveram aprender um pouco de ciência pra verificar se realmente os polos geográficos mudariam de lugar (e aprenderam que polo geográfico não tem nada a ver com polo magnético rsrs); resolveram ler mais, mesmo que fosse pra aprender técnicas de sobrevivência... talvez o Keanu Reeves esteja certo no filme “O Dia em que a Terra parou” – a humanidade só muda quando chega no limite. E 21/12/2012 talvez tenha sido um limite (ainda que virtual) que precisávamos encarar.

Não fiz nenhuma viagem espetacular esse ano, mas saboreei cada momento junto de amigos e da minha família! Reforcei a ideia de que estar perto de quem amamos e de quem nos ama é o melhor remédio pra viver bem.

Tenho a esperança de que 2013 seja um ano de contatos. Contato com nosso eu superior (acredito que todos podemos projetar uma imagem nossa, muito mais evoluída e, quem sabe, tentar alcançá-la). Contato com o conhecimento que liberta e, por que não, contato com outras formas de vida, seja a nossa vida fora da Terra (expedições pra Marte à vista, galera), seja de outras vidas além da nossa. (O Universo REALMENTE é gigantesco e se somente nós existíssemos, seria mesmo um tremendo desperdício de espaço – beijo Carl Sagan!)

Quero muitas coisas para o ano que vem. Quero saúde pra aproveitar tudo de bom que a vida pode oferecer, quero mais conhecimento pra me libertar das garras da ignorância, quero paz de espírito pra não me alterar com os acontecimentos externos, quero o que todo mundo quer... ser feliz!!! E assim será!!!

              QUE VENHA 2013!!! NAMASTÊ!!!

sábado, 27 de outubro de 2012

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

KUBRICK E EU!


Descobrir que Stanley Kubrik pensava EXATAMENTE igual a você – NÃO TEM PREÇO! rs


“O conceito de Deus está no centro de 2001 – mas não qualquer imagem antropomórfica de Deus. Não creio em nenhuma religião monoteísta da Terra mas acredito que se pode construir uma definição científica de Deus.”

“Quando pensamos nos gigantescos avanços tecnológicos que o homem efetuou em poucos milênios – menos de um microssegundo na cronologia do Universo – não podemos imaginar a evolução que essas formas de vida muito mais antigas alcançaram. Elas podem ter progredido de espécies biológicas que são frágeis conchas para a inteligência, a imortais entidades e então, após inúmeras eras, podem ter emergido da crisálida de matéria, transformadas em seres de pura energia e espírito. Suas potencialidades seriam ilimitadas e sua inteligência inatingível pelos humanos. Tudo isso tem relação com o conceito de Deus em 2001. Porque esses seres hão de ser deuses para bilhões de raças menos avançadas no universo”

FONTE: Rubens Ewald Filho e entrevista de Kubrick à "Playboy" in http://textosparareflexao.blogspot.com/2009/05/2001-kubrick-e-o-monolito.html

domingo, 30 de setembro de 2012

Minhas impressões sobre Francis Collins em "A linguagem de Deus"


Por indicação de uma amiga crente (no sentido de "quem acredita"), li esse livro.

Collins é biólogo e foi o diretor da fase final do projeto genoma. Escreveu esse livro na tentativa de justificar sua fé num Deus interventor/criador e a ciência na qual também acredita.
Aprecio a tentativa de um cientista de harmonizar a sua fé religiosa com a racionalidade de seu trabalho. Mas, não acho que sua tentativa foi bem sucedida. Há partes do livro que me causam admiração, pela sinceridade com que Collins tratou o triunfo da ciência em relação à religião, mas outras partes não me convencem da harmonia entre o deus bíblico e a ciência...
Para quem interessar, segue meu estudo sobre o livro:
Preciso cumprimentar o autor quando levanta a questão do “deus das lacunas” no livro. Ele explica que os crentes que enfiam deus em todas as lacunas científicas correm o risco sério de ver sua fé rapidamente deteriorada, com a descoberta cientifica para a tal lacuna. Ele sabiamente diz que a origem da vida e suas lacunas (que aos poucos vão sendo cobertas pela ciência) “não é o lugar para uma pessoa inteligente apostar sua fé” (palmas!)
Como biólogo, ele sabiamente descarta o período cambriano (explosão de diversidade biológica na terra) como um período de interferência divina, pois a ciência e o raciocínio mostram que foi pura evolução. Ele ainda diz que “existem boas evidências das formas de transição de répteis para aves e de répteis para mamíferos”.
É lindo ler o relato dele da busca pelo gene causador da fibrose cística e depois a comemoração em lágrimas quando finalmente conseguiram encontrá-lo (renovando esperanças de uma cura). É digno de apreciação também, a sua honestidade quando diz que ficou em duvida ao ser convidado para assumir o projeto genoma e não “ouviu” a voz de deus quando orou por uma resposta, mas sentiu uma paz ao tomar sua decisão em aceitar. Ele não distorceu fatos e verdades a favor de sua crença.
Aplaudo também a distinção que ele faz sobre a palavra “teoria” da evolução que muitos crentes insistem em definir como “hipótese”, mas na verdade é um conjunto de princípios fundamentais que nada tem de incerto, mas totalmente certo, ou seja, a evolução não é uma “possibilidade”, mas uma certeza. Ao menos isso ele não nega.
E ainda, louvo sua tentativa de fazer os crentes menos científicos, a pararem de negar a evolução, como uma tentativa inútil de proteger a sua crença.
Ele diz a respeito do criacionismo bíblico literal que é “quase incompreensível que essa visão tenha atingido um respaldo tão abrangente, em especial num país como os Estados Unidos (45% acreditam no criacionismo da biblia) que afirmam ser tão intelectualmente avançados”.
Admiro sua honestidade ao descartar o maior trunfo dos criacionistas, o design inteligente e a teoria da complexidade irredutível como teorias plausíveis, pois realmente não passam de tentativas desesperadas de se apegar a lacunas no conhecimento cientifico (que vão sendo preenchidas a cada ano).
Mas, sou obrigada a discordar do autor quando diz que a evolução não contradiz a fé no deus da bíblia... é a mesma prática constante dos crentes que preferem ignorar o deus bélico do velho testamento e se concentrar somente no deus, por vezes, amoroso do novo testamento... dizer que Genesis é alegórico e o resto da bíblia não é, simplesmente joga pra debaixo do tapete a parte que foi desmentida e foca naquela que ainda não foi ou então nunca será, porque depende exclusivamente da mente predisposta a acreditar.

Collins já começa dizendo que “A ciência é incapaz de responder qual o sentido da existência humana”... o fato é que ela responde, mas não é a resposta que queremos ouvir...
Ele diz que “Na posição de um jovem que crescia em um mundo repleto de tentações era confortável não ter que responder a nenhuma autoridade espiritual...” (só posso concluir que o medo trouxe a sua fé de volta... )
O autor sustenta que em todos os povos, desde primitivos, há uma lei moral intrínseca do homem que obriga gentileza com os mais fracos, dar esmola, ser honesto... que a filosofia pós moderna está errada quando diz que não há certo e errado absolutos e que decisões éticas são relativas.  (a base da crença de Collins está no final do texto, mas aqui já indica um princípio adotado por ele para crer em deus – a lei moral intrínseca do homem seria indício de Sua existência)

O autor argumenta que o sentimento de deslumbramento do ser humano ao ouvir uma bela sinfonia ou ler um poema são manifestações divinas e, ainda, que o desejo de que exista um deus são provas de que ele realmente existe. O próprio autor cita a explicação de Freud para isso, a influência paternal que faz com que a criança, mesmo depois de adulta, continue desejando uma figura paterna com quem possa contar. Mas, ele diz que esse argumento é falho porque a criança conforme cresce, experimenta sentimentos de libertação dos pais, o que refletiria num desejo de que deus não existisse. (argumento pobre, porque a revolta da adolescência contra os “desmandos” dos pais não inibe completamente a necessidade genética de proteção paterna, que persiste no DNA – sem a existência dos pais, todo ser humano e animais que, da mesma forma, dependem dos pais para sobreviver nos primeiros anos de vida, não estaria vivo - sentimento este que nunca poderá ser eliminado pela revolta adolescente contra as ordens paternas)
Então ele diz que todo desejo só existe porque pode ser realizado, então o desejo de que deus exista só pode corresponder a uma realização. (argumento, no mínimo, infantil)

E quanto às barbaridades praticadas pela religião, primeiro ele “argumenta” dizendo que também foram praticadas coisas boas (a velha prática de fechar os olhos à parte ruim e só levar em consideração a parte boa, o que obviamente desestrutura qualquer sistema de crença) e depois diz que a religião é falha porque é feita por homens, mas o que se discute, quando se fala nas atrocidades religiosas não são as atitudes dos homens, mas os mandamentos do próprio “deus” contidos na bíblia... em especial no velho testamento que mostra um deus sempre ávido por guerras entre povos e mandando seus súditos exterminarem crianças para que ninguém do povo que “adora outro deus” sobreviva. (atitudes obviamente humanas e escritas como se viessem de um suposto deus que ainda insistem em defender como real)

Sobre a contradição entre um deus bondoso e as pessoas que sofrem pedindo por um milagre que nunca vem, o autor diz que “frequentes intervenções milagrosas seriam caóticas no plano físico”, então devo supor que deus realmente tem seus preferidos e faz os milagres (dentro da cota ‘não caótica’) só para os escolhidos... que provavelmente alguns crentes diriam que são os que o adoram sem questionar... trazendo à baila mais um sentimento absolutamente humano desse deus vaidoso que não admite ser questionado...rs
Nesse ponto que admiro a tentativa dos espíritas de explicar o sofrimento humano à luz da existência de deus... seria parte de um plano divino grandioso para “esculpir” nossas almas através da dor, para que possamos nos tornar seres melhores no futuro (após várias reencarnações de dor). Pelo menos a ideia não se torna absurda a ponto de defender milagres aleatórios ou para “preferidos”... ao menos, nesse contexto, deus estaria agindo de forma coerente e conduzindo um plano de aprimoramento da raça humana...
O autor cita a famosa frase de Stephen Hawking sobre a descoberta de uma eventual teoria final que nos permitiria “entender a mente de deus”, mas todos sabem que quando vários cientistas se referiram a “deus” dessa forma, estavam se referindo a uma eventual constância universal e não a um ser bíblico... sobre a teoria final, indico o livro de Marcelo Gleiser “Criação Imperfeita” que elucida melhor essa questão que as vezes confunde a ciência com a teologia.
O autor fala que “o big bang grita por uma explicação divina” e ele “não consegue ver como a natureza pôde ter-se criado”, mas logo depois, ele mesmo cita como os átomos se juntaram de forma natural até formarem estrelas, planetas e finalmente o homem, então porque antes disso, não poderia ter sido algo natural também? Só porque ele não entende ainda como aconteceu, não significa que não foi natural!
Quanto às questões teológicas extremamente relevantes que surgem quando pensamos na existência de vida extraterrestre (se deus criou outras criaturas, porque seu único filho salvou só a nós dos pecados? As outras criaturas são todas santas?? Se deus as fez santas, para não terem que se preocupar com o pecado vindo do tal “livre arbítrio”, porque não nos fez assim Tb? Etc, etc, etc), o autor faz como todos os crentes fazem, simplesmente passa pelo assunto rapidamente, dizendo que a probabilidade de não encontrarmos vida extraterrestre é grande.

Sobre o principio antrópico (o universo existe da maneira “certa” para que possamos existir) já coloquei um trecho do livro do Gleiser que explica que não há universo certo, apenas observadores tendenciosos (nós). O exemplo do peixe inteligente do Gleiser explica muito. (ver post - NÃO EXISTE UNIVERSO CERTO)
O próprio autor, no final do tópico, diz que na verdade quem quer acreditar em deus escolhe o principio antrópico, mas a sua probabilidade está em pé de igualdade com a teoria dos multiversos, que também explica a suposta predeterminação do universo para a existência a vida, de forma totalmente cientifica e natural.

É desconcertante ver o quanto um cientista cuja predisposição emocional o obriga a acreditar em deus, tenta justificar sua crença em “séculos de história e altruísmo”. Não é porque as pessoas têm acreditado numa mentira há séculos que ela vira verdade. E sobre o altruísmo, ele não leva necessariamente a deus, como diversos autores já discutiram.
Ele escolhe acreditar num tipo de ideia que poderia ser compatível com a existência de um deus interventor, dizendo que o universo surgiu do nada (o que não é verdade, segundo a teoria dos multiversos ou mesmo segundo recentes descobertas do bóson de higgs), que o universo está ajustado para a criação da vida (o que também é refutado brilhantemente por Marcelo Gleiser e pela teoria dos multiversos) e que a evolução seria a maneira que deus escolheu de criar tudo (???)
Concordo que se deus sabe de tudo, embora o processo evolutivo seja aleatório, ele poderia prever todas as interferências para que no final o resultado fosse como desejado, MAS, se sua intenção era criar o homem, não seria mais lógico ter criado logo de uma vez?? Ao invés de fazer milhões de cálculos (se existe esse deus, certamente é matemático!!! RS) para impedir que eventos aleatórios não desejados interferissem no resultado final?
Infelizmente para o autor, essa alternativa não é a mais “consistente em termos científicos”, basta ler sobre as recentes descobertas científicas e as teorias que citei acima.
A verdade é que a ciência aponta para o abandono da noção de deus criador e/ou interventor... se existe algum ser infinitamente superior a nós, ele existe em função de processos naturais de evolução, conforme todas as evidências apontam desde o surgimento o universo até o surgimento do próprio homem. É assim que a natureza funciona e é assim que a eventual existência de um ser superior vai ser possível. Se ele vai intervir na Terra em algum momento ou se interviu no passado (supondo que um ser infinitamente evoluído tenha encontrado formas de viajar no tempo e espaço), certamente não foi para nos aprisionar em conceitos de adoração irracional, mas para tentar impulsionar a humanidade para a mesma evolução que, quem sabe, um dia será também comprovada fora dos padrões físicos.
No final do livro, o autor traz um exemplo de seu suposto amor ágape por doentes na África, que o levou a fazer uma viagem pra salvar vidas (mas, não percebe que no mesmo trecho cita seu verdadeiro impulso egoísta de ser o “salvador branco” que o teria levado até lá).
Não quero desmerecer trabalhos como o que ele fez com os doentes, mas infelizmente isso não justifica a existência de um deus interventor, que teria colocado o amor no nosso coração só para que soubéssemos de sua existência... o amor é um sentimento que geralmente espera algo em troca, mesmo que seja a satisfação pessoal de ser apreciado por seu ato.
O autor ainda cita Lewis, mais uma vez, para dizer que Jesus não foi apenas um grande educador, mas o filho de deus... infelizmente, a citação se esvai por si só... não explica nada. Lewis, na comum fúria cristã, diz que “você pode cuspir nele (Jesus) e matá-lo como se fosse um demônio, ou pode cair a seus pés e chamá-lo de senhor e deus”... não existe a alternativa do meio? Por que ele não poderia ser simplesmente um homem à frente do seu tempo, como tantos outros na história? Simplesmente porque não se quer acreditar nisso.
Acho engraçado como ele defende o livre arbítrio teoricamente dado por deus... Ele diz “imagine esse mundo se a oportunidade de escolher livremente uma crença tivesse sido removida em virtude da certeza das evidências. Que desinteressantes seria, não?”
Ahhh, por favor! Se houvesse apenas uma crença baseada em evidências, não existiriam as guerras religiosas, responsáveis pelas maiores atrocidades cometidas na historia da humanidade. Se todos pensassem da mesma forma, BASEADOS EM EVIDENCIAS (o que seria ainda melhor, porque garantiria ao menos que esse pensamento estaria correto), não haveria discórdia! E um cientista dizendo que isso seria desinteressante é um argumento triste.
Acho engraçado dizer que deus nos deu o livre arbítrio para acreditarmos no que quisermos, mas se não acreditarmos nele, então seremos punidos... que livre arbítrio é esse?? E se deus é tão superior, sabe o quão “involuídos” espiritualmente nós somos e, só por isso, olharia para nós com compreensão se decidíssemos não acreditar nele e não com sentimento de punição (mais uma vez, essencialmente humano).
Por todos esses motivos, não acredito no deus, essencialmente humano, da bíblia... as histórias lá contadas são fruto da imaginação ou da fraude de homens que precisavam de um argumento de poder para liderar (especialmente no velho testamento -  não se pode simplesmente ignorar aquele deus que agia como humano e dizer que no novo testamento, ele se redimiu e começou a pregar a bondade para com todos, além do povo dele)... se a bíblia fala de um deus só, então é nesse único deus, essencialmente humano, em quem não acredito.
O que os cristão não entendem é que não acreditar no deus da bíblia, não me impede de acreditar no sobrenatural... eu posso acreditar na existência de um ser superior que não seja o deus da bíblia (24horas observando se alguém deixa de acreditar nele, para, então, puní-lo de alguma forma), mas um ser superior ou, em termos evolutivos e mais prováveis, VÁRIOS seres superiores, que eventualmente podem vir a se preocupar conosco, mas não no intuito bíblico, essencialmente humano, de angariar seguidores para satisfazer uma vaidade, essencialmente humana. Seria um ser superior com uma genuína preocupação com um quase semelhante (em termos evolutivos) que eventualmente teria interesse em nos ajudar a passar por essa fase tão primitiva em que nos encontramos (que esse deus já superou há muito tempo)... pra mim esse seria o deus mais lógico para qualquer cientista... uma criatura tão evoluída que para nós, pode ser encarada como “deus”... mas, que está de acordo com a ciência da evolução e com as observações empíricas que fazemos.
Porque não pode haver existência de algum tipo de vida após a morte, mas que continue evoluindo nos mesmos padrões que observamos no mundo físico? Se o bóson de higgs, descoberto recentemente, apresenta uma variante da teoria do surgimento do universo, indicando que ainda antes do big bang, houve uma outra fase de interação da matéria com o imaterial, porque o oposto não pode acontecer quando a nossa matéria morre e talvez ainda continue existindo algum tipo de imatéria que nos caracterize? E que vai continuar seu caminho evolutivo ou não, da mesma forma que a matéria... sem depender da interferência de um poder criador, mas de combinações de circunstâncias e eventos físicos (lembrando que a física teórica também se aplica à “imatéria”). Einstein já dizia que matéria e energia (imatéria) são intercambiáveis.. o que impede de descobrirmos que a matéria vira energia consciente após a morte?
Acho engraçado que quando se fala de deus e religião, a fé não precisa ser provada e não pode ser questionada, mas quando a situação se inverte, os primeiros a exigirem provas são os “crentes”... o autor diz que os milagres são raros, mas para quem acredita num deus interventor, eles existem e para quem não acredita, eles podem ser explicados pelas leis da natureza e então o autor lança a pérola “pode, porém, esse ponto de vista ser totalmente confirmado?”, ou seja, se as leis da natureza não explicam tudo, só pode ser intervenção divina...
Isso só reforça a minha ideia de que a crença num deus interventor (o deus da bíblia) é puramente opcional... se o individuo apresenta uma forte necessidade emocional de ter um pai protetor sempre presente (Freud já explicou isso), então ele vai distorcer todos os fatores a favor dessa crença... mas, isso é mais emocional do que racional e não explica nada... (eu sei que dirão, mais uma vez, que a fé não precisa ser explicada, mas as contradições precisam e essa historia do deus da bíblia tem muitas contradições que não se sustentam a um simples olhar racional... e como eu digo, a lógica não pode ser abandonada a favor da fé, porque os próprios princípios da fé devem ser coerentes entre si, senão vira coisa de louco!)
Mesmo que a ideia que você vai defender seja baseada em fé, os princípios dessa fé não podem se contradizer para ter sentido... a questão é justamente que a lógica não pode ser afastada nem dos que alegam que a fé não precisa de provas... mesmo uma premissa que se afirme por si só (independente de provas) precisa seguir uma coerência lógica com o raciocínio que vier depois (seja qual for) e isso que muitos crentes não entendem. (embora o autor, em muitos trechos do livro tenha buscado essa coerência, rejeitando o criacionismo bíblico literal e outras teorias absurdas que tentam explicar a fé em deus interventor)

O autor ataca o ateísmo porque diz ser “uma posição logicamente indefensável”(!?), mas quase defende o agnosticismo, por ser “compatível com a teoria da evolução e muitos biólogos se colocariam nesse campo”... se o agnosticismo é compatível com a teoria da evolução, porque o cristianismo também seria? O problema é que ele se força a tomar uma posição frente os dados que temos hoje. (o que pode levar a uma conclusão FORÇADA por medo de ficar em cima do muro e vir a ser punido...) preciso discordar do seu comentário quando diz que “é raro ver um agnóstico que se empenhou em avaliar todas as evidências favoráveis e contrárias à existência de deus”...baseado em que ele diz isso??? Essa afirmação circula no campo daquelas que dizem “todo crente é desprovido de lógica”... o que é uma generalização perigosa.
Não acho justo encarar o agnosticismo como covardia. Se uma pessoa não considera suficientes nenhum dos argumentos apresentados, por que deve ser obrigada a escolher algum, ao invés de esperar pelo surgimento de outro melhor? A ciência e a própria filosofia humana progridem a cada dia... quem garante que no futuro não existirá uma explicação melhor e mais aceitável pra mim, do que as que existem hoje? Chamar agnosticismo de covardia é querer incutir na mente do outro as próprias convicções, típico da natureza do ser humano, mas inválido como argumento.
Enfim, a tentativa do Collins de harmonizar seu trabalho científico (de grande valor) à sua crença religiosa é falha, pois os maiores argumentos usados (lei moral do homem, universo vindo do nada e universo “certo” para o homem) já foram longamente refutados por vários pensadores. A verdade é que a crença no deus da bíblia continua sendo uma escolha, que também não resiste a argumentos lógicos e comumente apela para a “fé cega”, que não precisa de provas. O que os crentes não entendem é que todo sistema de crenças (seja ele baseado em fé ou não) deve ter coerência em suas premissas, o que não acontece com a fé no deus da bíblia... não é uma questão de impor a razão à fé, mas de pretender qualquer raciocínio lógico sobre as próprias premissas daquela fé. Os crentes têm dificuldade de entender isso, mas a verdade é que suas premissas são contraditórias por si mesmas... independente da fé ser provada ou não. Gostaria de ver algum crente realmente entendendo esse argumento para que, então, qualquer tentativa de debate pudesse se realizar.

O Universo não é "certo"!


Texto retirado do livro “CRIAÇÃO IMPERFEITA” de Marcelo Gleiser

Inúmeros artigos e livros científicos declaram algo assim: “Os valores das constantes fundamentais da Natureza definem como o Universo opera (verdade). Se fossem ligeiramente diferentes, digamos, se a carga do elétron fosse 20% maior, ou se os  nêutrons não fossem 0,13% mais pesados do que os prótons mas um pouco mais leves, tudo seria diferente. Em particular, estrelas não brilhariam e talvez nem existissem, e a vida seria impossível (verdade). Portanto, se os valores das constantes fundamentais da Natureza diferissem por apenas um pouco, não estaríamos aqui (verdade). Não é incrível como o cosmo é tão ‘certo’ para que a vida exista? (falso)”.
A existência (e os valores) das constantes fundamentais da Natureza reflete o método com que construímos explicações do mundo que nos cerca.
Não existe qualquer evidência de que o nosso Universo seja “certo” para a vida. Ao contrário, evidência que temos aponta na direção oposta, para a raridade da vida, que existe apesar da indiferença e da hostilidade cósmica.
Afirmar que o Universo é “certo” para a vida implica uma agenda bem específica: o Universo é do jeito que é para que possamos estar aqui. Essa posição implica que a vida, e particularmente a vida inteligente, tem uma importância cósmica. Temos uma missão ditada pelo próprio Universo!... Como aceitar que tudo isso seja um mero acidente, que nossa existência não tenha um propósito maior?
Não há dúvida de que essas ideias são inspiradoras....Infelizmente, essas ideias não têm a menor evidência observacional.
Deixe-me elaborar essa questão através de uma analogia. Um dia, uma pessoa entra numa biblioteca. Essa pessoa só sabe ler e escrever em português. Examinando as estantes, se empolga ao descobrir que todos os livros sejam em português. “Não é incrível que todos os livros nessa biblioteca são em português? Se fossem em outras línguas, ou se algumas letras fossem trocadas aqui e ali, digamos, as letras ‘a’ e ‘e’ por caracteres japoneses, eu não poderia mais ler nenhum desses livros. Esta biblioteca é a ‘certa’ para mim, construída só para que eu possa aproveitar todas essas belas obras. Eu devo mesmo ser muito importante!”
... Nessa analogia, a biblioteca representa nosso Universo, com seus observadores (isto é, leitores) inteligentes “típicos”, sejam eles terrestres ou alienígenas.
...
Para um peixe inteligente, a água é “certa” para ele, funcionando como deve para que possa nadar nela. Se fosse muito fria, congelaria; muito quente, ferveria. A temperatura tem que ser “certa” para que o peixe exista. “Veja só como sou importante! A própria água é do jeito que é só para que eu possa nadar nela. Minha existência não pode ser um acaso.”, concluiria o peixe, orgulhoso. Porém, sabemos que a temperatura dos oceanos não está sendo controlada com o propósito de permitir a existência do nosso peixe. Ao contrário, o peixe é extremamente frágil. Uma mudança brusca ou mesmo gradual da temperatura o mataria, como todo pescador de trutas sabe muito bem. Precisamos tanto encontrar conexões que justifiquem nossa existência, que as achamos mesmo quando não existem.
Somos seres espirituais em um cosmo brutal e indiferente. Para mim, essa é a essência da problemática humana. Um dos erros mais graves que podemos cometer é acreditar que o cosmo tem planos para nós, que, de algum modo, somos importantes para o Universo. Somos, sim, especiais, mas não porque o cosmo tenha planos para nós, ou porque seja “certo” para a vida.
Não consigo encontrar a mensagem de que o Universo é “certo” para a vida nesse vasto oceano de mundos desolados. Se o cosmo tinha mesmo planos para nós e para a inteligência cósmica em geral, me parece que a execução desses planos andou mal.
... uma vez que fique claro quão rara é a Terra, quão rara é a vida complexa, quão precária e preciosa é a nossa existência num planeta flutuando em meio a um Universo hostil e indiferente, um número cada vez maior de pessoas abracem a causa pela sobrevivência. Talvez, um dia, nossa missão seja espalhá-la pelo Universo afora.

sábado, 29 de setembro de 2012

PREVENIR É O MELHOR REMÉDIO


Quero deixar claro que não divulgo essas informações para causar pânico, mas, exclusivamente para conscientização de preparo!
Nós brasileiros estamos acostumados a pensar que sempre vamos sair das situações difíceis com o “jeitinho brasileiro”, ou seja, contando com a “providência divina” que normalmente não passa da providência de outra(s) pessoa(s), MAS, quando TODOS estão precisando de ajuda, fica difícil abarcar o próximo...
Nos países acostumados com desastres naturais (tsunamis, terremotos, furacões), é absolutamente normal estocar comida, água e ter algum plano de emergência em caso de necessidade... todas as famílias fazem isso e ninguém fica achando que são loucos ou paranóicos por isso... mas, no Brasil, se você disser que está se preparando para alguma emergência, certamente escutará piadinhas de mau gosto...
A escolha é de cada um se preparar para uma eventualidade ou não, mas, com as informações que temos hoje, ficar inerte é, no mínimo, imprudência.
A preparação para um evento solar dessa magnitude nem é tão difícil como imaginamos... Falta de energia elétrica causa falta de comida, remédio e água – itens essenciais de sobrevivência, por isso, para quem está perdido, listo o que fazer desde JÁ:

ESTOCAR COMIDA – arroz e feijão mesmo! Ninguém morre se ficar sem comer carne... num momento de emergência, arroz e feijão vão alimentar vc e sua família por muito tempo... importante lembrar que o feijão tem prazo de validade menor, mas mesmo que estiver mofado, já ouvi dizer que deixar de molho no vinagre deixa comestível de novo...
Ter um fogareiro para cozinhar a comida é interessante, juntamente com estoque do combustível necessário, já que num “caos solar”, haverá também o caos econômico e provavelmente gás e outros combustíveis estarão difíceis de se comprar.

ESTOCAR ÁGUA – sabe aqueles baldes enormes de lixo ou roupa suja? Aquilo serve de reservatório para uma necessidade... uma piscina cheia também... basta colocar uma pastilha de CLORIN (disponível no Pâo de Açucar ou qualquer supermercado bom), já torna boa para consumo. É claro que por mais baldes que vc tenha, essa água não vai durar por meses (depois que o fornecimento por canos for paralisado pela falta de energia), então tenha um mapa da sua região pra saber onde ficam os lagos e rios.. além de algum tipo de captador de chuva em casa.

REMÉDIOS – se vc ou alguém de sua família depende de remédios específicos (diabetes, pressão alta, etc), tenha um estoque de pelo menos 1 ano.

Isso é o BÁSICO pra garantir sua sobrevivência pelo período (curto) de 1 a 5 anos, até que a sociedade moderna ressurja das cinzas...
E se vc vai fazer piadinha da minha preocupação, sinta-se à vontade! Mas, não venha bater na minha porta pedindo ajuda depois... a dica eu dei!! rs

Desastre Perfeito - Tempestade Solar - 1 de 3

Desastre Perfeito - Tempestade Solar - 2 de 3

Desastre Perfeito - Tempestade Solar - 3 de 3

Mega tempestade solar


Para quem se interessa, esse é um artigo de quem entende do assunto... 

Artigo do astrônomo Nelson Travnik: Mega tempestade solar

O fim do mundo previsto para 2012 pelos maias, Nostradamus e até segundo alguns pela Bíblia, poderá ser postergado para maio de 2013. É o que dá para entender o alerta da Nasa baseado em previsões feitas e publicadas pelo S.I.D.C (Sunspot Índex Data Center) da Bélgica, que é o órgão mundial de recepção de observações solares. Caso se confirmem as previsões, a Terra pode ser atingida por uma gigantesca tempestade de partículas cósmicas em maio de 2013 provocando o maior desastre natural que se possa imaginar. A energia liberada e os efeitos seriam 20 vezes maiores que o furacão Katrina! Não haverá como evitar. A hecatombe poderá contudo ser atenuada se os observatórios solares espaciais SOHO, TRACE, COROLIS E HINODE, verdadeiros guardiões do planeta, conseguirem transmitir um alerta com muita antecedência uma vez que só teremos 15 a 35 minutos para ações preventivas.

A FÚRIA DE HELIOS. Um dos aspectos mais notáveis na observação do Sol são as manchas solares. Vistas como nódoas escuras, as manchas funcionam como gigantescas janelas onde o calor do núcleo ascende com mais facilidade a parte externa do Sol, a fotosfera. Em média a cada 11 anos elas passam de um período de mínima para um de máxima atividade. E ai o Sol inteiro entra em ebulição. E o próximo máximo solar está previsto justamente para 2012/13. O Sol reverte-se: o pólo norte se torna sul e volta a ser norte no próximo ciclo. As manchas por outro lado acham-se aliadas a fulgurações e gigantescas explosões. As radiações emitidas por essas explosões e as conhecidas por ejeções coronais de matéria, CMEs, lançam ao espaço os terríveis raios gama, raios X, além do ultravioleta, prótons e elétrons . Essas ejeções elevam-se no espaço com energia de 200 bilhões de bombas atômicas tipo Hiroshima! Essas ondas e partículas altamente energéticas chegam à Terra em período muito curto, praticamente insuficiente para proteger a frota de satélites e todos os artefatos espaciais que possuem painéis de captação de radiação solar. Constitui uma séria ameaça para a Estação Espacial Internacional e a integridade física dos seus ocupantes muito embora exista um compartimento especialmente destinado para se abrigar das radiações letais.

UM TSUNAMI CÓSMICO. No dia 1º de setembro de 1859, o astrônomo inglês Richard C. Carrington observou um imenso clarão "flare" no Sol. Cerca de 18 horas depois ocorreu uma supertempestade geomagnética, a maior que se tem noticia. Ela causou incêndios em escritórios de telégrafos, afetou cabos de transmissão e produziu intensas auroras boreais. Muitos pensavam que as cidades tinham se incendiado! Se as previsões dos cientistas se confirmarem e baseados nos problemas causados por gigantescas explosões solares ocorridas em 1989, 1999 e 2003 e que causaram prejuízos de muitos milhões de dólares, podemos imaginar o que nos aguarda em maio de 2013. A primeira coisa, o primeiro sinal será uma aurora boreal verde e cor de sangue como se fosse engolir a Terra. A energia vinda do espaço irá atingir a rede elétrica e os transformadores. Vere mos centrais elétricas queimando, satélites desgovernados penetrando na atmosfera superior como bolas de fogo provocando colapso nas comunicações e deixando bilhões de usuários sem televisão, internet e bloqueando contas bancárias. O Sistema de Posicionamento Global, GPS será afetado inviabilizando o sistema para usuários civis e militares. O mundo pára! Segundo estimativas, serão necessários de 4 a 10 anos para cobrir os prejuízos que poderão ascender a muitos bilhões de dólares com risco até de um colapso econômico! Se efetivamente repetir o episódio de 1859 não há como escapar dos efeitos destruidores neste cenário apocalíptico.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

QUANDO AS LUZES SE APAGAM


A natureza é um organismo vivo que funciona por si só.
Dentro dela, você aprende a respeitar seus limites, senão vai sofrer as consequências que podem ser desastrosas. Você aprende que cada pessoa tem um limite e, às vezes, o mais esperto na cidade pode ser aquele que mais precisa de ajuda na selva... E que alegria poder contar com a ajuda dos outros!

A natureza está ciente da nossa presença? SIM, com certeza. Quando os morcegos voam para o fundo da caverna; quando a água se dissipa ao entrar em contato com a gordura do nosso corpo; quando o pássaro pia, aparentemente alheio, no topo da árvore; quando a estalagmite muda, ainda que milimetricamente a sua formação, só porque foi tocada.

A natureza se importa conosco? Não da forma como gostaríamos. A aranha não vai deixar de lhe picar porque você é “superior” a ela; a caverna não vai deixar de inundar porque você está dormindo lá dentro; o frio da noite será tão implacável com você quanto com qualquer outro ser que com ele interaja. Mas, amamos a natureza porque é ela que nos permitiu estar aqui hoje. Não fossem os bichos da floresta, o homem primitivo não teria se alimentado para procriar e nos dar a chance de construir uma civilização; não fossem as cavernas para abrigar os homens, hoje não teríamos inventado casas para morar; não fossem as águas abundantes dos rios, sequer estaríamos aqui para beber água encanada, que para alguns parece brotar como mágica da torneira (NÃO, o homem não evoluiu a ponto de dispensar os rios!).

A natureza, como dizem os físicos, é uma probabilidade extremamente pequena que deu certo e, só por isso, merece nossa absoluta admiração. Mas, confesso que, no escuro de uma caverna, dá vontade que exista algo ainda maior que, conscientemente, se importe conosco.

Chegamos tão longe, com nossa inteligência para fazer fogo, fabricar lanças de caça e formular estratégias para sobreviver à selva, mas, ainda hoje, temos a necessidade de acreditar em algo mais, quando as luzes se apagam.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Desabafo!!!


A política paternalista desse país me irrita... sempre me irritou, mas quando vejo seus resultados nefastos novamente, a irritação retorna implacável!

Não me conformo com pessoas que têm filho sem planejamento! Não vou nem falar de casais porque hoje em dia pra ter filho, não precisa estar em um relacionamento, não precisa nem ser adulto, basta atingir a puberdade, né!

Não me conformo de notar que quanto menos dinheiro a pessoa tem pra criar os filhos, mais rebentos ela tem! Não me conformo com pessoas ignorantes que colocam filho no mundo sem pensar e depois ficam correndo atrás de pensão do cara, também ignorante, que não usou camisinha!

Não me conformo com gente que tem filho sem condições de dar uma educação adequada (isso inclui fazer faculdade ou ao menos um curso técnico, porque hoje em dia arrumar emprego bom, sem isso é impossível), sem condições de dar saúde (deixa a criança remelenta brincando no “Córguinho” até pegar uma doença e correr pra fila do SUS) Ahhhh, mas daí vão me dizer: “Não precisa!! O governo cobre tudo isso!” Ahhhh, sim! O governo dá trocentas “BOLSAS” pra pobre ficar colocando filho no mundo e se esbaldar com 200 reais por cabeça pra garantir educação, alimento, moradia, diversão, saúde... e a mãe idiota acha que tá na vantagem!!! “Melhor ficar em casa tendo filho do que trabalhar, o governo me paga pra ter filho!” 

Ninguém enxerga que isso é um ciclo vicioso?? Se você não teve dinheiro pra uma educação boa (infelizmente sabemos que o mais importante, o governo não dá!) e coloca um bando de filho no mundo nas mesmas condições que as suas, vai perpetuar esse ciclo nefasto?? E esse bando de criança não vai servir pra engrandecer a economia do país, porque não terão a educação necessária pra conseguir um trabalho que os faça pagar impostos e ajudar a pagar as “bolsas” de outras pessoas, ou seja, esse valor gasto em “bolsas” não vai retornar NUNCA pra economia do país.... Ahhhh, mas pagar bolsa dos outros??? Isso eles não querem!! Esse povo só quer receber, não quer dar!!! Tem gente que acha que veio ao mundo pra ser sustentado!!! Acontece que pra vagabundo ser sustentado, trabalhador tem que suar de sol a sol!!! Isso é justo???

E não me venha se fazer de vitima, apontando o dedo e dizendo que tenho tendências nazistas ao dizer que pobre não pode ter filho! Só digo que se não tem condições de dar uma vida digna pro filho, que não tenha!!! Ou que tenha apenas um!!!!! É tão dificil assim tomar anticoncepcional ou usar camisinha (que a propósito, o governo tb dá!)??? É uma questão de amor ao próximo! Amor ao filho que você vai deixar de colocar na rua pra pedir esmola ou deixar de colocar no mundo pra passar necessidade e depender da ajuda dos outros!

Ter filhos é um assunto muito sério que exige planejamento!!! Não é simplesmente colocar no mundo pra ver o que acontece!!!

Falta educação básica nesse país, especialmente pra fazer esse povo entender que qualidade é melhor que quantidade!!

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

A PIPOCA

Acho que já postei esse poema no blog antigo, mas vale a pena ler de novo...é de uma sabedoria indescritível.


"Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho para sempre.
Assim acontece com a gente.
As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo.
Quem não passa pelo fogo, fica do mesmo jeito a vida inteira.
São pessoas de uma mesmice e uma dureza assombrosa.
Só que elas não percebem e acham que seu jeito de ser é melhor jeito de ser.
Mas, de repente, vem o fogo.
O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos: a dor.
Pode ser fogo de fora: perder um amor, perder um filho, o pai, a mãe, perder o emprego ou ficar pobre.
Pode ser fogo de dentro: pânico, medo, ansiedade, depressão ou sofrimento, cujas causas ignoramos.
Há sempre o recurso de remédio: apagar o fogo!
Sem o fogo o sofrimento diminui. Com isso, a possibilidade da grande transformação também.
Imagino que a pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro cada vez mais quente, pensa que sua hora chegou: vai morrer.
Dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, ela não pode imaginar um destino diferente para si.
Não pode imaginar a transformação que esta sendo preparada para ela.
A pipoca não imagina aquilo de que ela é capaz. Ai, sem aviso prévio, pelo poder do fogo a grande transformação acontece: BUM!
E ela parece como uma outra coisa completamente diferente, algo que ela mesmo nunca havia sonhado.
Bom, mas ainda temos o piruá, que é o milho de pipoca que se recusa a estourar.
São como aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente, se recusam a mudar.
Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem.
A presunção e o medo são a dura casca do milho que não estoura.
No entanto, o destino delas é triste, já que ficarão duras a vida inteira.
Não vão se transformar na flor branca, macia e nutritiva.
Não vão dar alegria para ninguém."
Extraído do livro “O amor que acende a lua” de Rubem Alves

terça-feira, 24 de julho de 2012

Marcelo Gleiser explica partícula de Deus -- parte 1



Recomendo assistirem até o final (as 5 partes) no youtube!
Pessoas inteligentes e dispostas a transmitir sua sabedoria, para a massa ignorante, com tanta paciência são raras...

sábado, 21 de julho de 2012

Simplicidade - Verissimo

Pra relaxar um pouco, depois de tanto assunto PESADO! rsrs




Cada semana, uma novidade.       
A última, foi que pizza previne câncer do esôfago.  
Acho a maior graça.
Tomate previne isso, cebola previne aquilo, chocolate faz bem, chocolate faz mal, um cálice diário de vinho não tem problema, qualquer gole de álcool é nocivo, tome água em abundância, mas, peraí, não exagere…

Diante desta profusão de descobertas, acho mais seguro não mudar de hábitos.
Sei direitinho o que faz bem e o que faz mal prá minha saúde.
Prazer faz muito bem.
Dormir me deixa 0 km.
Ler um bom livro, faz-me sentir novo em folha. 

Viajar me deixa tenso antes de embarcar, mas, depois, rejuvenesço uns cinco anos! Viagens aéreas não me incham as pernas;     
incham-me o cérebro, volto cheio de idéias!
Brigar,me provoca arritmia cardíaca.

Ver pessoas tendo acessos de estupidez, me embrulha o estômago!
Testemunhar gente jogando lata de cerveja pela janela do carro, me faz perder toda a fé no ser humano… 
E telejornais…

Os médicos deveriam proibir… como doem!
Caminhar faz bem, namorar faz bem, dançar faz bem, ficar em silêncio quando uma discussão está pegando fogo faz muito bem: você exercita o autocontrole e ainda acorda no outro dia sem se sentir arrependido de nada.

Acordar de manhã, arrependido do que disse ou do que fez ontem à noite, isso sim, é prejudicial à saúde.
E passar o resto do dia sem coragem para pedir desculpas,pior ainda.
Não pedir perdão pelas nossas mancadas, dá câncer, guardar mágoas, ser pessimista, preconceituoso ou falso moralista, não há tomate ou muzzarela que previna!
Ir ao cinema, conseguir um lugar central nas fileiras do fundo,não ter ninguém atrapalhando sua visão,nenhum celular tocando e o filme ser espetacular, uau!
Cinema é melhor prá saúde do que pipoca.
Conversa é melhor do que piada.
Exercício é melhor do que cirurgia.
Humor é melhor do que rancor.
Amigos são melhores do que gente influente.
Economia é melhor do que dívida.
Pergunta é melhor do que dúvida.
Sonhar é o melhor de tudo e muito melhor do que nada!

PERFEITO!!!

quinta-feira, 12 de julho de 2012

As perguntas que não ousamos fazer!

(inspirado no livro “Variedades da Experiência Cientifica - Uma visão pessoal da busca por Deus” uma compilação de palestras de Carl Sagan)
E se eu provar que mais de metade da população mundial, NOS DIAS DE HOJE, ainda acredita que a Terra é o centro do Universo?? Como? Ora, sabemos que o Universo é gigantesco (pra usar uma expressão que chega a ser eufemista), sabemos da enorme probabilidade de existir mais vida inteligente no Universo, além da nossa (na maioria dos casos RS). Então, o que nos leva a crer que somos TÃO especiais a ponto do único filho do Deus Criador Todo-Poderoso ser mandado para nos salvar e somente a nós??
O geocentrismo continua enraizado na nossa mente, tão forte quanto no tempo de Copérnico. O problema é que a humanidade sofre de uma cegueira tão forte que não consegue enxergá-lo.
Thomas Paine em seu livro “A era da razão” diz “De onde, então, pôde surgir o estranho conceito de que o Todo-Poderoso, que tinha milhões de mundos igualmente dependentes de sua proteção, deveria parar de cuidar de todo o resto e vir morrer em nosso mundo porque, como dizem, um homem e uma mulher comeram uma maçã? E, por outro lado, devemos acreditar que todos os mundos na criação infinita tiveram uma Eva, uma maçã, uma serpente e um redentor?”
Carl Sagan diz que esse é um deus de um mundinho pequeno, um problema que os teólogos não trataram de maneira adequada. (não usaram as metáforas apropriadas? RS)
Aqueles que inicialmente nos imaginavam no centro do sistema solar, com a explosão intelectual do heliocentrismo, começaram a imaginar se pelo menos o centro da galáxia nos estava reservado... com a evolução da ciência, descobriu-se que não, então começaram a se perguntar se ao menos o centro do Universo pudesse ser nosso... mas, o centro do Universo não existe. Todos que desejaram um sentido cósmico central para nós ficaram cada vez mais decepcionados. (talvez a humildade que as religiões, tão convenientemente pregam, deveria ser utilizada também na sua ideia central – do Todo-Poderoso focado somente na Terra – o problema é que, na época em que as Escrituras foram feitas, não existia tanto conhecimento, então a doutrina não poderia ser tão abrangente, justamente porque criada por homens limitados)
Sagan, com seu brilhantismo, nos lança algumas questões a esse respeito:
Por que, afinal, é necessário que Deus intervenha na história da humanidade, nos assuntos humanos, como presumem quase todas as religiões? Que Deus ou deuses desçam à Terra e digam aos seres humanos: “Não, não faça isso. Faça aquilo, não se esqueça disso, não reze desse jeito, não idolatre ninguém mais, mutile seus filhos assim, assim”.
Porque existe uma lista tão longa de coisas que Deus pede às pessoas que façam?Porque Deus não fez do jeito certo de uma vez? Ele criou o Universo, então pode fazer qualquer coisa... A intervenção de Deus nos assuntos humanos revela incompetência, diz Sagan.
E é perfeitamente possível imaginar que Deus, não um deus onipotente ou onisciente, só um deus razoavelmente competente, poderia ter criado provas absolutamente indubitáveis de sua existência.
Imaginem que exista um conjunto de livros sagrados em todas as culturas, em que haja algumas frases enigmáticas que Deus ou os deuses tenham pedido aos nossos ancestrais para transmitir sem modificações para o futuro. Seriam frases que hoje reconheceríamos, mas que não pudessem ser reconhecidas naquele tempo. “Não se esqueçam, o Sol é uma estrela”... nossos ancestrais diriam “Hein???” Mas repassariam a informação nas Escrituras, porque foi Deus que mandou... ou que tal “Não viajarás mais rápido que a luz”?
Em outras palavras, porque Deus seria tão claro na Bíblia e tão obscuro no mundo? (por favor, tenham um pouco de vergonha e não usem o argumento de que Deus testa nossa fé se escondendo... quer dizer que a fé de quem escreveu as Escrituras não precisava ser testada e Ele podia aparecer numa boa, naquela época?)
Não há dúvida de que a religião tem tido o papel histórico de fazer com que as pessoas se contentem com o que possuem. Até hoje costuma-se argumentar que a veracidade ou a falsidade da doutrina religiosa importa menos do que o grau de estabilidade social que ela proporciona.
Não é muito difícil perceber que uma doutrina como essa seria bastante atraente para as classes dominantes de uma sociedade. (não tenho dúvidas de que é por isso que a religião ainda é tão incentivada e difundida – fora o fato de que as pessoas não estão acostumadas a fazer perguntas...)
Muitas religiões estabelecem um conjunto de preceitos – coisas que a pessoa tem que fazer – e afirmam que essas instruções foram dadas por um deus ou por deuses. O primeiro código legal, de Hamurabi, da Babilônia, por exemplo, em 2.000 a.c. foi entregue a ele pelo deus Merodaque, ou pelo menos foi o que ele disse...(eu toquei numa pedra escrita por deus e não sabia!!!!!!!!) Se Hamurabi tivesse simplesmente dito “Aqui está o que acho que todo mundo tem que fazer”, ele teria tido muito menos sucesso, mesmo sendo rei da Babilônia, do que dizendo: “Deus diz que vocês devem fazer isso”.
Não é provável que, em tempos mais primitivos, em circunstâncias menos sofisticadas, quem quisesse impor determinado conjunto de princípios de comportamento alegasse que eles lhes tinham sido entregues por deus, ou por deuses?

Sagan termina perguntando se em uma projeção de vinte, cinquenta ou cem anos no futuro, possa haver um mundo em que tenhamos recobrado a razão, em que tenhamos entendido as coisas. Ele diz que podemos fazer isso.
Já existiu, por exemplo, uma doutrina sobre o direito divino dos reis. Segundo ela, Deus dava aos reis e rainhas o direito de mandar em seu povo. E naquela época, mandar queria mesmo dizer mandar!
Mas mesmo assim, aconteceu uma série de revoluções no mundo inteiro (revoluções intelectuais) – a americana, a francesa, a russa – que deram origem a um planeta em que ninguém, excetuando um ou outro imperador atavista ocasional de algum paisinho incipiente, ninguém acredita no direito divino dos reis. Hoje é meio que uma vergonha. Uma coisa em que nossos ancestrais acreditaram, mas que nós, nestes tempos mais esclarecidos, não acreditamos.
Ou pensem na escravidão, que Aristóteles defendeu como a ordem natural das coisas, que os deuses a exigiam, que qualquer movimento para libertar os escravos ia contra o desígnio divino. E os proprietários de escravos, ao longo da história, usaram trechos da bíblia para justificar essa propriedade (como já falei antes, trechos bons ou convenientes existem em qualquer livro...) E hoje, em mais uma sequencia de acontecimentos no mundo inteiro, a escravidão legal foi praticamente eliminada. E outra vez é uma coisa do nosso passado do qual nos envergonhamos...
Ou mesmo coisas como a varíola e outras doenças desfigurantes e fatais, doenças infantis, que um dia foram vistas como uma parte inevitável da vida, determinadas por Deus (era a Sua vontade). O clero alegava, e parte dele ainda alega, que essas doenças foram enviadas por Deus como uma punição para a humanidade (que dizer dos cristãos que recentemente declararam que a Aids era uma punição de Deus para os homossexuais?). Com algumas dezenas de milhões de dólares e o esforço de médicos de cem países, coordenados pela OMS, a varíola foi eliminada da face do planeta Terra (e nem precisou da ajuda da mão divina... ou será que Deus ficou bravo por termos, na nossa insignificância, eliminado uma poderosa arma Sua de punição? Será que Deus não quer que achemos a cura para a Aids?)
Carl Sagan diz que precisamos ter a determinação corajosa de encarar o Universo como ele é de verdade, não impondo a ele nossas predisposições emocionais (necessidade de um pai que nos proteja constantemente – a raiz psicológica disso não deveria ser óbvia???), mas aceitando com coragem o que nossa exploração revelar.

GRAAAAAAAAAAANDE CARL SAGAN!!!!!!!!!!!!
Eu sei que você era contra qualquer tipo de idolatria (porque idolatrar alguém, significa acomodar-se em ser inferior ao objeto de idolatria e isso é inaceitável para uma mente brilhante), MAS CARL, EU ADOROOO VOCÊ!!!!!! Rsrsrsrsrs
E espero, sinceramente, mesmo sem acreditar num Deus Todo-Poderoso e Criador, que você esteja me ouvindo nesse instante de algum lugar... Porque, te parafraseando, uma só vida pra você, seria um desperdício de genialidade!!!!!!
Euzinha e o divino Código de Hamurabi (Louvre, Paris)

segunda-feira, 9 de julho de 2012

A ciência e suas peculiaridades


Nossaaaa, quase enlouqueci nesse feriado!! Fiquei estudando física, química e matemática! Bom, na verdade estudei indiretamente...rs Estou terminando “Criação Imperfeita” do Marcelo Gleiser e amandooO!!!
Se queremos falar da origem da vida (ou qualquer assunto), precisamos saber do que estamos falando... por isso eu leio e aprendi MUITO sobre a cosmologia (não só moderna, como antiga) nesse livro!
Ele traz um resumo bastante acessível, da história das maiores descobertas físicas realizadas pelo homem, na busca por sua origem.
Marcelo Gleiser confronta a ideia moderna de muitos cientistas que buscam por uma Teoria Final (uma unificação de tudo que existe em um denominador comum, segundo ele, o equivalente ao criacionismo dos religiosos, mas para a ciência) que ele também já buscou, mas hoje não acredita mais. Ele diz que somos como um peixe que vive aprisionado num aquário; mesmo que o nosso aquário cresça sempre (pois é isso que ocorre com o corpo do conhecimento humano), tal como o peixe, nunca poderemos sair dele e explorar a totalidade do que existe. Haverá sempre um “lado de fora”, além do que podemos explorar. E precisamos humildemente reconhecer que, quanto mais respostas encontrarmos, mais perguntas surgirão. O que não invalida de forma alguma a busca pela “verdade final”.
Uma curiosidade SUPER interessante do livro é a história de Kepler e o seu mysterium cosmographicum (a figura da foto que, naquela época, descrevia perfeitamente como Deus teria criado o Universo)

Kepler era geométrico e, como todos os profissionais das diversas áreas, achou que a sua área poderia explicar perfeitamente a “mecânica” do Universo. Assim, separou os 5 sólidos perfeitos que conhecia (nenhum outro sólido tridimensional fechado pode ser construído a partir de apenas um objeto bidimensional – triângulos, quadrados e pentágonos. Os dois mais familiares são o cubo (feito de seis quadrados) e a pirâmide (feita de quatro triângulos equiláteros). Os outros três são o octaedro (oito triângulos equiláteros), o dodecaedro (doze pentágonos) e o icosaedro (vinte triângulos equiláteros).
Kepler imaginou que os cinco sólidos deveriam se encaixar um dentro do outro, como num quebra cabeça. Entre cada dois sólidos, uma esfera imaginária localizava a órbita planetária (na época se conheciam somente 6 planetas do nosso sistema). A incrível coincidência é que, para a época, a montagem dos sólidos, intercalando com os planetas, era perfeita, pois se existiam apenas 5 sólidos perfeitos e 6 planetas, sua dinâmica no modelo de Kepler daria certo para que não sobrasse nenhum fora da estrutura)
Kepler experimentou alguns arranjos para os cinco sólidos e encontrou um que coincidia com uma precisão surpreendente, com as distâncias entre os planetas medidas pelos astrônomos.
Com essa sacada genial, Kepler “resolveu” o maior mistério da astronomia, explicando a priori não só porque existiam apenas 6 planetas, mas também as suas distâncias em relação ao sol.
Apenas um cosmo desenhado por um Deus geômetra respeitaria as mais perfeitas proporções. Em sua estrutura simétrica, revelava a beleza divina da Criação.
Como que alguém tão errado poderia estar tão convicto de estar certo? Temos muito o que aprender com o erro de Kepler. A partir da nossa perspectiva moderna, é fácil ridicularizar a sua criação, chamá-la de delirante. Afinal, são oito planetas no sistema solar (Plutão foi rebaixado) e não seis. Se Kepler pudesse vê-los todos a olho nu, não haveria proposto o seu modelo e sua carreira teria tomado outro rumo. Sua visão limitada da realidade foi a sua bênção.
O que ocorreu com Kepler continua a ocorrer nos dias de hoje: construímos nossa visão de mundo com os dados que temos no momento. (E o mais incrível, é que as vezes parece se sustentar cientificamente)
Para ele, a ordem que vislumbrou era bela demais para não ser verdadeira. Marcelo afirma que, visto que jamais seremos capazes de medir tudo que existe, seu erro foi ter acreditado que é possível construir uma Teoria Final. Sempre haverá algo que nos escapará, algo além do alcance de nossos instrumentos. Nessa escuridão perene que nos cerca, podem ocultar-se grandes revelações, potencialmente capazes de reformular nossa visão de mundo.

É nesse espírito que Marcelo escreveu seu brilhante livro... sem profetizar um Deus criador (todos que estudam deixam de acreditar nisso, eventualmente), mas imbuído de um sentimentalismo que o faz crer que a ciência não tem todas as respostas... e, assim, quem garante que não existe o sobrenatural?

No meu modesto livrinho “Levei um Fora e Agora?”, já deixei o exemplo da “mão em terceira dimensão” (se quiser saber, leia! RS) que indica que nunca seremos capazes de decifrar todos os mistérios do Universo, pois sempre estaremos limitados por nossas condições físicas e cerebrais que ditam até onde podemos chegar...
RACIONAL, sem deixar de ser emocional!!!


domingo, 8 de julho de 2012

Ao mestre com carinho (To sir with love)



Que coisa mais LINDA!!! A gratidão dos alunos pelo conhecimento transmitido pelo professor!!! Sempre que vejo esse filme fico com um nó na garganta... Ah, se todos os professores soubessem incitar essa paixão pelo conhecimento, o mundo seria BEM diferente...

sábado, 7 de julho de 2012

Por que ser "bom" (ou a moralidade) não depende da religião!

Advertência- Para os propensos à irritabilidade, declaro que o texto que segue foi TRANSCRITO do livro Deus- Um Delírio de Richard Dawkins e apenas o REPRODUZO aqui para fins de conhecimento, pois meu post anterior suscitou comentários de que Deus - na verdade Deus fala através da Bíblia, então em última análise, continua sendo a religião - seria necessária para o “bom caráter”, a "virtude" do homem...
COMEÇA A TRANSCRIÇÃO: 
Quem pretende basear sua moralidade literalmente na Bíblia ou nunca a leu ou não a entendeu.
Os teólogos, irritados, protestarão dizendo que não se interpreta mais o livro do Gênesis em termos literais. Mas é exatamente isto que estou dizendo! Escolhemos em que pedacinhos das Escrituras devemos acreditar, e quais pedacinhos descartar, por símbolos ou alegorias. Essa escolha é uma decisão pessoal, tanto quanto a decisão do ateu de seguir este ou aquele preceito moral foi uma decisão pessoal, sem nenhum fundamento absoluto. Se uma coisa é “moralidade a olho”, a outra também é.
Só para citar algumas passagens estarrecedoras do Antigo Testamento (como forma de confrontar a moralidade pregada na Bíblia):
Na destruição de Sodoma e Gomorra, Ló recebeu os anjos com hospitalidade e então todos os homens de Sodoma reuniram-se em torno da casa dele e exigiram que Ló entregasse os anjos para que eles pudessem (o que mais?) sodomizá-los: “Onde estão os homens que vieram para tua casa esta noite? Traze-os para que deles abusemos” (gênesis 19,5). A bravura de Ló ao recusar-se a ceder à exigência sugere que Deus deve até ter tido razão ao considerá-lo o único homem de bem de Sodoma. Mas a auréola de Ló fica manchada com os termos de sua recusa: “Rogo-vos, meus irmãos, que não façais mal; tenho duas filhas, virgens, e vo-las trarei; tratai-as como vos parecer, porém nada façais a estes homens, porquanto se acham sob a proteção de meu teto” (gênesis 19, 7-8)
Outra história arrepiante:
Deus determinou que Abraão transformasse seu filho querido numa oferenda em forma de fogo. Mas, no fim das contas, Deus estava apenas brincando, “tentando” Abraão e testando sua fé. Um moralista moderno não poderia deixar de imaginar como uma criança conseguiria se recuperar de tamanho trauma psicológico.
Mais uma vez, os teólogos modernos protestarão dizendo que a história do sacrifício de Isaac por Abraão não deve ser encarada como um fato literal. Em primeiro lugar, muitíssima gente, até hoje, encara, sim, as Escrituras como fatos literais. Em segundo, se não for como fato literal, como deveríamos encarar a história? Como uma alegoria? Alegoria de quê, então? Certamente de nada digno de louvor. Como lição moral? Mas que tipo de princípio moral pode-se tirar dessa história apavorante? Lembre-se que só estou tentando dizer, por enquanto, que na verdade nós não retiramos nossos princípios morais das Escrituras. Ou, se retiramos, escolhemos os trechos mais agradáveis daqueles textos e rejeitamos os desagradáveis. Mas aí precisamos ter algum critério independente para decidir quais trechos são os morais: um critério que, venha de onde vier, não pode vir da própria escritura, e está supostamente disponível para todos nós, sejamos ou não religiosos.
O livro dos Números conta como Deus incitou Moisés a atacar os midianitas. Seu exército tratou de matar todos os homens e incendiar todas as cidades midianitas, mas poupou as mulheres e as crianças. Esse comedimento piedoso dos soldados enfureceu Moisés e ele ordenou que todos os meninos fossem mortos, e todas as mulheres que não fossem virgens. “Porém todas as meninas, e as jovens que não coabitaram com algum homem, deitando-se com ele, deixai-as viver para vós outros” (números 31,18)
Eu sei, eu sei, é claro, os tempos mudaram, e nenhum líder religioso de hoje em dia (tirando os do Talibã ou seus equivalentes cristão americanos) pensa como Moisés. Mas é isso que estou dizendo. Tudo o que estou afirmando é que a moralidade moderna, venha de onde vier, não se origina da Bíblia.
Por que critério alguém decide quais trechos são simbólicos e quais são literais?
O que me deixa de queixo caído é que as pessoas de hoje em dia queiram basear sua vida num exemplo tão aterrador ...e pior ainda, que queiram impor esse mesmo monstro do mal (nota MINHA - estou TRANSCREVENDO o que Richard Dawkins escreveu no livro, pessoalmente não diria de maneira tão contundente) ao resto de nós.
Talvez eu esteja sendo injusto. Os bons cristãos terão protestado durante todo este trecho: todo mundo sabe que o Antigo Testamento é bem desagradável. O Novo Testamento de Jesus desfaz o prejuízo e conserta tudo. Não é verdade?
Bom, não há como negar que, do ponto de vista moral, Jesus é um enorme avanço se comparado com o ogro cruel do Antigo Testamento. Jesus... foi certamente um dos grandes inovadores éticos da história. O sermão da montanha é bastante progressista. Seu “ofereça a outra face” antecipou Gandhi e Martin Luther King em 2 mil anos.
...existem outros ensinamentos no Novo Testamento que nenhuma pessoa de bem apoiaria. Refiro-me especialmente à doutrina central do cristianismo: a da “expiação” do “pecado original”. Esse ensinamento, que está no cerne da teologia do Novo Testamento, é quase tão repulsivo em termos morais quanto a história de Abraão preparando-se para transformar Isaac em churrasquinho.
Acredita-se que o pecado de Adão e Eva tenha sido transmitido ao longo da linhagem masculina – transmitido pelo sêmen, de acordo com Santo Agostinho. Que tipo de filosofia ética é essa que condena todas as crianças, mesmo antes de nascer, a herdar o pecado de um ancestral remoto?
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Agora o sadomasoquismo. Deus encarnou-se como homem, Jesus, para que pudesse ser torturado e executado em expiação do pecado hereditário de Adão. Desde que Paulo expôs essa doutrina (...), Jesus vem sendo adorado como o redentor de todos os nossos pecados. Não apenas o pecado passado de Adão: pecados futuros também, decidam ou não as pessoas futuras cometê-los!
...Se Jesus queria ser traído e depois assassinado, para que pudesse nos redimir, não é injusto por parte daqueles que se consideram redimidos descontar em Judas e nos judeus por toda a eternidade? (já que sua “traição” era uma parte necessária do plano cósmico e ele não poderia fugir dela ou então, toda a fundamentação da religião estaria extinta)
Se Deus quisesse perdoar nossos pecados, por que não perdoá-los, simplesmente, sem ter de ser torturado e executado em pagamento – condenando, dessa forma, as gerações futuras e remotas de judeus a perseguições por serem os “assassinos de Cristo”...
Ah, mas é claro, a história de Adão e Eva era apenas simbólica, não era? Simbólica? Então, para impressionar a si mesmo, (Deus, na forma de Jesus) fez-se ser torturado e executado, numa punição indireta por um pecado simbólico cometido por um individuo inexistente?
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“Amai ao próximo” não significa o que achamos hoje que significa. Significava apenas “amai outro judeu”. Essa tese é defendida de forma arrasadora pelo físico americano e antropólogo evolucionista John Hartung. (disponível em http://www.lrainc.com/swtaboo/taboos/ltn01.html)
Jesus limitou seu grupo de salvos estritamente aos judeus, no que respeitava a tradição do Antigo Testamento, que era tudo que conhecia. Hartung mostra claramente que “Não matarás” jamais quis significar o que achamos hoje que significa. Significava, de uma maneira bem específica, que não matarás judeus. E todos os mandamentos que fazem referência ao “próximo” são igualmente excludentes. “Próximo” significa camarada judeu.
Hartung usa muitas citações bíblicas do tipo das que usei neste capítulo, sobre a conquista da Terra Prometida por Moisés, Josué e os Juízes (para defender seu argumento).
Para mim, isso comprovou que nossos princípios morais, sejamos nós religiosos ou não, vêm de outra fonte e que essa outra fonte, seja qual for, está disponível para todos nós, independentemente da religião ou da ausência dela.
Mas Hartung conta um estudo apavorante feito pelo psicólogo israelense George Tamarin (basicamente deram um texto bíblico para crianças lerem, onde Deus manda destruir uma cidade e todo ser vivo nela, “porque o SENHOR vos tem dado a cidade”, depois fez a pergunta moral às crianças “Vocês acham que Josué e os israelitas agiram bem ou não?” A maioria aprovou a atitude sangrenta, com algumas justificativas temerosas como “Josué agiu bem porque o povo que morava na terra era de uma religião diferente, e quando Josué os matou ele varreu a religião deles da face da Terra” e “Josué agiu certo e um dos motivos é que Deus mandou que ele exterminasse o povo para que as tribos de Israel não fossem assimiladas entre eles e aprendessem seus maus hábitos”)
Essas considerações enchem-me de desespero. Elas parecem mostrar o imenso poder da religião, e especialmente da educação religiosa das crianças, para dividir as pessoas e alimentar as inimizades históricas e vendetas hereditárias.
Mesmo que a religião em si não fizesse nenhum outro mal, sua característica divisora, perversa e cuidadosamente cultivada – sua apropriação deliberada da tendência natural da humanidade, de favorecer os integrantes de seu próprio grupo e rejeitar os forasteiros – já seria suficiente para fazer dela uma força maligna significativa para o mundo.

AQUI TERMINA A TRANSCRIÇÃO.
As partes em que coloquei reticências (...) certamente causariam tanto furor em fundamentalistas que preferi não colocá-las (SIM, mais furor do que as que já coloquei)... a ideia geral ficou demonstrada e quem se interessar, leia o livro que, aliás, é empolgante! (mesmo pra quem não concorda com tudo que ele fala e da forma como fala)